“Era uma vez um rei que tinha uma esposa, cujo nome era Árvore de Prata, e uma filha, cujo nome era Árvore de Ouro. Num certo dia, entre outros dias, Árvore de Ouro e Árvore de Prata foram a uma ravina em que havia uma fonte, e dentro da fonte havia uma truta.
Árvore de Prata disse:
- Trutinha, minha pequena camarada, não sou a mais bela rainha do mundo?
- Oh! De verdade? Você não é não!
- Mas, quem é então?
- Ora, é Árvore de Ouro, sua filha.
Árvore de Prata foi para casa, cega de raiva.
Deitou-se na cama e jurou que nunca mais ficaria boa se não conseguisse comer o coração e o fígado de Árvore de Ouro, sua filha.
Ao cair da noite, o rei voltou para casa e
disseram-lhe que Árvore de Prata, sua esposa, estava muito doente. Ele
foi até onde ela estava e perguntou-lhe o que havia de errado com ela.
- Oh! É uma coisa que só você poderá curar, se quiser.
- Oh! De fato, não há nada que eu possa fazer por você que eu não faça.
- Se eu obtiver o coração e o figado de Árvore de Ouro, minha filha, para comer, ficarei boa de novo.
Aconteceu que nessa ocasião o filho de um
grande rei veio do estrangeiro para pedir Árvore de Ouro em casamento. O
rei concordou, e eles foram embora.
O rei, então, enviou seus rapazes à
colina de caça para matarem um bode e ele deu o coração e o fígado do
animal para a esposa comer. Então, ela ficou curada e saudável.
Um ano depois, Árvore de Prata foi à ravina onde ficava a fonte, dentro da qual vivia a truta.
- Trutinha, minha pequena camarada – disse ela -, não sou eu a mais bela rainha do mundo?
- Oh! De verdade? Você não é não!
- Mas, quem é então?
- Ora, é Árvore de Ouro, sua filha.
- Ora, mas faz muito tempo que ela morreu! Já faz um ano desde que eu comi o seu coração e o seu fígado.
- Bem, na verdade ela não está morta. Está casada com um grande príncipe estrangeiro.
Árvore de Prata foi para casa, implorou ao rei que mandasse preparar o navio real e disse:
- Vou visitar minha querida Árvore de Ouro, pois faz muito tempo que não a vejo.
O navio foi preparado e eles zarparam. A
própria Árvore de Prata controlava o leme. Ela conduziu o navio tão bem
que eles não levaram muito tempo para chegar.
O príncipe estava fora, caçando nas colinas.
Árvore de Ouro reconheceu o navio de seu pai.
- Oh! – disse ela aos criados – Minha mãe está chegando e quer me matar.
- Ela não vai matá-la não, nós vamos prender você num quarto onde ela não vai poder chegar perto de você.
Isso foi feito e, quando Árvore de Prata chegou à praia, começou a gritar:
- Venha encontrar-se com sua mãe, pois ela veio visitá-la.
Árvore de Ouro disse que não poderia ir ao seu encontro, pois estava trancada no quarto e não tinha como sair dali.
- Você não poderia colocar seu dedo
mínimo para fora, pelo buraco da fechadura – disse Árvore de Prata -,
para que sua mãe possa dar um beijo nele?
Árvore de Ouro colocou seu dedinho para fora. Árvore de Prata pegou uma estaca fina envenenada e espetou nele.
Árvore de Ouro caiu morta.
Quando o príncipe voltou para casa e
encontrou Árvore de Ouro morta, ficou desolado. Quando deu-se conta do
quanto era bonita, não a enterrou, mas trancou-a num quarto onde ninguém
chegaria perto dela.
Algum tempo depois, ele se casou
novamente e toda a casa ficou aos cuidados de sua esposa, com exceção
daquele quarto. Ele mesmo cuidava dele e sempre guardava a chave em seu
bolso. Um dia, ele esqueceu de levar a chave consigo e a segunda esposa
entrou no quarto. E o que ela viu lá foi a mais bela mulher que já tinha
visto.
Ela começou a virá-la e a tentar
despertá-la, quando notou a estaca envenenada em seu dedo. Puxou-a e,
então, Árvore de Ouro despertou. Estava viva e mais bela do que nunca.
Ao cair da noite, o príncipe voltou para casa, vindo da colina de caça, parecendo muito deprimido.
- Qual presente – disse sua mulher- você me daria se eu lhe fizesse sorrir?
- Oh! Na verdade, nada poderia me fazer sorrir, a não ser ver Árvore de Ouro viva novamente.
- Bem, você a encontrará viva ali no quarto.
Quando o príncipe viu Árvore de Ouro
viva, rejubilou-se muito e começou a beijá-la e beijá-la e beijá-la. A
segunda esposa disse:
- Como ela é a primeira que você teve, é melhor para você ficar com ela e eu ir embora.
- Oh! Na verdade, você não deve ir embora, pois pretendo ficar com as duas.
No fim do ano, Árvore de Prata foi à ravina onde se encontrava a fonte, na qual vivia a truta:
- Trutinha, minha pequena camarada – disse ela -, não sou eu a mais bela rainha do mundo?
- Oh! De verdade? Você não é não!
- Mas quem é então?
- Ora, é Árvore de Ouro, sua filha.
- Oh! Mas ela não está mais viva. Há um ano, eu espetei uma estaca envenenada em seu dedo.
- Oh! Para dizer a verdade, ela não está morta não.
Árvore de Prata foi para casa e pediu ao
rei que preparasse o navio, pois queria visitar sua querida Árvore de
Ouro, afinal, fazia muito tempo que não a via. O navio foi preparado, e
eles zarparam. A própria Árvore de Prata estava no leme, e conduzia o
navio tão bem que não levou muito tempo para eles chegarem.
O príncipe estava fora, caçando nas colinas.
Árvore de Ouro reconheceu o navio de seu pai se aproximando:
- Oh! – disse ela -, minha mãe está chegando e vai me matar.
- Não vai não – disse a segunda esposa -, vamos até lá para recebê-la.
Árvore de Prata desembarcou na praia.
- Venha aqui, Árvore de Ouro, meu amor – disse ela -, pois sua mãe veio visitá-la, trazendo-lhe uma bebida preciosa.
- É um costume neste país – disse a segunda esposa – que a pessoa que oferece a bebida tome um gole dela primeiro.
Árvore de Prata encostou a boca na taça e
a segunda esposa lhe deu um tranco para que uma porção do líquido
descesse pela sua garganta. Ela, então, caiu morta. Só tiveram de
levá-la para casa, já um cadáver, e enterrá-la.
O príncipe e suas duas esposas viveram muito tempo depois disso, felizes e em paz."
(Princesas e Damas Encantadas, Joseph Jacobs)
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